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Tradição da caça aos zumbis chega a nova geração

16 de dezembro de 2008 14h25 atualizado às 14h37

Cena de Left 4 Dead, game em que zumbis surgem sem parar em disputas online entre vários jogadores; clima é de Noite dos Mortos-Vivos. Foto: Reprodução

Cena de Left 4 Dead, game em que zumbis surgem sem parar em disputas online entre vários jogadores; clima é de "Noite dos Mortos-Vivos"
Foto: Reprodução

Hoje em dia moro sozinho, mas a lembrança favorita que tenho da minha antiga colega de quarto é a manchete de 2005, do jornal satírico The Onion, que ela prendeu na minha geladeira há três anos: "Estudo revela que Pittsburgh não está preparada para ataque zumbi massivo."

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A frase me faz sorrir todos os dias porque o conceito de um apocalipse zumbi é tão elementar e ao mesmo tempo sutilmente cômico em sua repugnância. E em que outro lugar senão na impassível cidade americana de Pittsburgh (ou Cleveland ou Detroit), você gostaria de colocar seu grupo de ex-gerentes de seguros e donas de casa, transformados em mortos-vivos devoradores, para caçar um bando de sobreviventes esfarrapados?

É difícil imaginar que algum criador do Turtle Rock Studios (agora parte da Valve) não tenha a mesma manchete do Onion grudada em sua mesa desde que o "Left 4 Dead" começou a ser desenvolvido, também em 2005. "Left 4 Dead" cumpre com praticamente todos os requisitos clássicos do gênero zumbi de George A. Romero, uma homenagem brilhante e frenética a toda munição de escopeta já disparada na boca pustulenta do ser mórbido da casa vizinha.

Naturalmente, "Left 4 Dead" parece acontecer na Pensilvânia, assim como o original "Noite dos Mortos-Vivos" e a manchete na minha cozinha. Outros elementos indispensáveis também estão presentes e são desenhados com clareza de visão e design que é marca registrada da Valve.

Temos, é claro, o surto inexplicável de uma doença e mutação que consome a população. Temos um bando rebelde que se recusa a cooperar, um anúncio da Benetton de arquétipos de filmes B: um ator principal musculoso, uma garota brigona de jaquetão, um velho branco de cabelos grisalhos e um cara negro com uma camisa social desarrumada e gravata desfeita. (Quem tem tempo para tirar a gravata quando se está fugindo de uma horda de mortos-vivos?) Temos escopetas, submetralhadoras, fuzis de assalto e as sempre populares pistolas, uma em cada mão.

E claro, temos os zumbis. Muitos zumbis. Centenas de milhares de zumbis. Na verdade, nas últimas semanas, matei mais de 11 mil zumbis no "Left 4 Dead," o que só pode ser algum recorde pessoal.

Mas são os zumbis certos para esse tipo de cenário. Não são do tipo de zumbis que sabemos estar escondidos em um canto escuro e que nos deixam com medo na expectativa de que eles pulem em nós. Se você quer os desse tipo, jogue "Dead Space" ou até mesmo um dos jogos da série "Resident Evil." Já o "Left 4 Dead" é infestado de zumbis saltadores, camuflados e que escalam pelas janelas.

A campanha de jogo básica em "Left 4 Dead" não leva mais de uma tarde para ser completada no modo normal a difícil. Você pode jogar sozinho offline e os outros três membros de seu grupo serão controlados pelo programa. Os quatro atos da campanha são na verdade concebidos como quatro mini-filmes de uma hora com o mesmo conceito básico: atravessar o hospital, o aeroporto, a floresta, a cidade nebulosa até uma casa segura ou um ponto de escape.

Os títulos de cada aventura são uma perfeição: "Curando a Infecção {¿} Uma Bala de Cada Vez," "O Inferno chegou à Terra. Esses Quatro Vão Mandá-lo de Volta," "Sem Esperança. Sem Cura. Sem Problemas," e meu preferido: "O Vôo Deles Atrasou. Permanentemente."

Tenha em mente, no entanto, que "Left 4 Dead" não foi feito para ser jogado individualmente. "Monótono" foi a palavra que uma amiga usou enquanto me assistia fazer picadinho de levas e mais levas de ameaças de mortos-vivos em um episódio para um jogador. Ao invés disso, "Left 4 Dead" é de longe o melhor jogo de tiro do ano para múltiplos jogadores online. Isso porque o jogo faz da cooperação e do trabalho em equipe elementos absolutamente essenciais para sobrevivência. Assim como nos filmes de zumbis, existe sempre aquela pessoa que faz algo idiota, colocando em risco a vida de todo o grupo. Às vezes você é a própria pessoa (mesmo que se recuse veementemente a admitir isso).

Online, você pode jogar como um dos zumbis ou um dos sobreviventes e, devo admitir, prefiro ser um dos mutantes que ajudam a aniquilar os humanos suculentos e inconvenientes. Ainda bem que "Left 4 Dead" foi classificado para adultos, porque as obscenidades hilárias que os jogadores berram entre si num típico jogo público online não é para os corações fracos.

Por outro lado, jogar online raramente é. Mas se você consegue agüentar a pressão, "Left 4 Dead" é o melhor jogo de tiro em primeira pessoa do ano e um dos melhores jogos de zumbi de todos os tempos. Pode chamar o Onion de visionário.

Tradução: Amy Traduções

The New York Times
The New York Times