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Games
 
 

Designer: jogos não trazem crescimento intelectual

06 de novembro de 2008 15h06

Brice Morrison escreveu um artigo em que apresenta a polêmica opinião de que os jogos não trazem qualquer crescimento intelectual às pessoas, ao contrário de outras mídias como livros ou TV. O designer de jogos da Electronic Arts - que vem criando títulos no estilo MMORPG desde a época do colégio - teve seu ensaio a respeito do tema publicado no site Gamasutra na última quarta-feira (5).

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Morrisson revela que, quando ele era criança, sua mãe não dava atenção ao Mario Bros. como ele e seu irmão, pois para uma pessoa adulta como ela isso não passava de perda de tempo. "Pouquíssimos anos depois eu passei a compartilhar da mesma opinião. Estava desapontado em descobrir que conforme amadurecia eu deixava os games para trás", revela o designer.

Para ele, enquanto as crianças costumam trocar Dr. Seuss (famoso escritor de livros infantis como O Gato de Chapéu) por George Orwell e a Nickelodeon pela MTV, os jogos não têm nenhuma contraparte para que se possa evoluir.

"Quando entrei no colégio, tornei-me menos interessado em entretenimento e mais interessado em encontrar novas idéias. Não queria matar o tempo, queria tirar proveito disso. Queria desafiar a mim mesmo com a ajuda de conceitos profundos, aprender novos paradigmas, processos e possibilidades. Mas, com os games, eu nada extraía para essa discussão do pragmático. Então, relutantemente, disse adeus a meu amigo divertido na busca pelas artes e pelas idéias mais profundas", explica.

Por ser um jogador de longa data, entretanto, Morrisson não deixou de se perguntar o motivo pelo qual outras mídias conseguem satisfazer consumidores diferentes em estágios diferentes da vida e games não têm o mesmo poder.

O designer, então, passou a comparar games com outros meios de comunicação e descobriu que eles tinham uma vantagem. "Todas essas mídias são universalmente aceitas e inquestionáveis quando as vemos expressar conceitos profundos de realidade. É uma simples paleta em que os artistas podem criar, são capazes de ser puro entretenimento ou puro discurso intelectual".

Os games, segundo o autor, apresentam a mesma problemática dos quadrinhos: eles não têm esse luxo de que outras mídias dispõem. Para muitas pessoas, jogos existem apenas para diversão.

Os quadrinhos participam de uma luta para romper com a audiência infantil. Apenas uma pequena parcela deles é mais do que ação e super-heróis. Contudo, já é de conhecimento público que eles podem ser feitos para crianças e adultos, homens e mulheres, e expressar inúmeros temas e idéias. Um exemplo é a obra do desenhista norte-americano Will Eisner, que abandonou seu super-herói Spirit nos anos 40 para se dedicar a livros de treinamento em quadrinhos para as forças armadas de seu país e, depois, apostou em álbuns para adultos.

Para Brice, o fato de os games terem menos tempo de estrada que os quadrinhos revela que eles ainda têm muito tempo pela frente para crescer e encontrar uma identidade.

Segundo o autor, o futuro está nas diversas companhias que pularam degraus para levar os games a um próximo nível, como a Nintendo - não por terem tirado as pessoas do sofá, mas por terem mudado a audiência. "Minha mãe, que dizia que nunca perderia tempo jogando, está sempre no Wii com minha tia". Morrisson já publicou mais de um ensaio sobre o sucesso do console.

O designer acredita que só é preciso tempo para mudar o conceito de games percebido pelo público em geral. "Os jogos ainda têm muito que crescer antes de serem levados a sério, mas imagine haver um mundo de games que podem ensinar a dirigir melhor, a escrever melhor, a falar melhor com colegas de trabalho e a conviver com os amigos. Imagine que as pessoas possam entender a vida fora do seu país e visualizar as dificuldades dos pobres. Imagine jogos que podem expandir a mente e fazer seu mundo pessoal mais rico. Isso é procurar o verdadeiro valor dos games", conclui.

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