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Pikmin

Pikmin é algo diferente de tudo que você já viu. É um puzzle ou um jogo de estratégia em tempo real da Nintendo, produzido pelo lendário Shigeru Miyamoto. Não se trata de Age of Empires para crianças - na verdade está longe de ser um jogo bobinho e infantil como aparenta - mas é sim algo muito inteligente, bonito e bem feito.

Em Pikmin você assume o papel de Olimar, explorador do cosmos, um grande homem, apesar de seus 1,7 centímetros de altura. O drama do Capitão Olimar começa quando ele resolve "dar um tempo para si mesmo" e partir numa viagem especial sem destino definido, só para relaxar.

A viagem começa bem, e nosso nobre navegador coloca sua espaçonave em piloto automático e vai preparar um chá quente. Subitamente, a nave é atingida por um meteorito e, fora de controle, cai aos pedaços na superfície de um planeta estranho. Por um milagre, a vida de Olimar é poupada e ele se ergue para ver a nave semi-destruída ao seu lado. Várias peças essenciais para a viagem interplanetária foram parar em lugares inacessíveis, próximos ao local do impacto, e é aí que o gênio de Olimar terá que ser testado. Como fazer para recuperar as partes da espaçonave? O pior é que o mecanismo de sobrevivência indica altos índices de oxigênio na atmosfera do planeta, um gás mortal para a espécie de Olimar. Ele tem apenas 30 dias até que a bateria de seu macacão de sobrevivência pare de funcionar. Vichi Maria!

Em sua caminhada de reconhecimento do local Olimar descobre algo semelhante a uma cebola, de onde caem estranhas sementes. As sementes dão origem a um pequeno ser meio planta meio formiga que, por sua semelhança com uma marca de cenoura popular, ele resolve chamar de Pikmin. Por algum motivo, esses Pikmins obedecem a Olimar como se ele fosse um pai (talvez, acredita ele, pelo fato de terem sido puxados da terra pelas suas mãos) e desta forma são seu principal aliado para escapar com vida deste planeta inóspito.

Olimar e suas peripécias

Olimar é muito inteligente e sua ciência é totalmente empírica. Suas experiências e descobertas no jardim são a essência dos puzzles do jogo.

Primeiro ele descobre que pode comandar os Pikmin. Essas criaturas simpáticas irão segui-lo até onde puderem e podem entender instruções pelo apito de Olimar. Você então controla os bichinhos que podem mover objetos, construir pontes e lutar contra os predadores do grande jardim que é o cenário da aventura. E a mais interessante descoberta: os Pikmin podem se multiplicar rapidamente, brotando do chão a partir da transformação de objetos nutritivos em semente. Mais um milagre da natureza.

O processo básico da jogabilidade está na coleta de um objeto que pode ser uma espécie de pastilha encontrada no jardim ou um bicho morto, que quando levado à grande cebola é transformado em semente de Pikmin. As criaturinhas brotam do chão, Olimar as puxa e delas faz um poderoso exército.

Olimar observa e conclui que um monte de Pikmins pode carregar uma peça da nave (o que seria impossível para ele sozinho) e criar o caminho para encontrar todas elas. Uma vez que a nave tem um certo número de peças, ela é capaz de fazer uma pequena viagem e pousar onde possa haver mais partes. Se conseguir montar a nave de novo nos 30 dias que lhe restam, Olimar pode finalmente voltar pra casa.

Pode parecer complicado no começo, mas como um digno jogo da Nintendo, tudo é explicado de maneira progressiva e prazerosa. Olimar faz constantes anotações no seu diário, descreve suas descobertas, sugere novas experimentações e até reserva um tempinho para lembrar de sua esposa e filhos quando bate uma saudade.

E o controle do Gamecube funciona como Miyamoto deve ter idealizado: é perfeito. Um jogo de estratégia razoavelmente detalhado, mas que dispensa mouse e teclado para jogar não é um desafio superado pela Nintendo em Pikmin. Todos os botões são utilizados. No stick analógico você controla Olimar, em um botão tem três níveis de zoom, no outro muda-se a câmera, o outro é o apito que chama os Pikmins e por aí vai. É facílimo de usar.

A jogabilidade é pura nintendisse. Ótimo controle, atmosfera de magia e mistério, e uma pitada de frustração, graças a um sistema de dia, tarde e noite que não deixa você parar mais de um segundo para pensar. Segundo as observações do nosso pequeno astronauta, a noite é perigosa demais para ele e seus Pikmins, portanto eles serão obrigados a voar em retirada ao anoitecer, sob risco de serem engolidos pelas criaturas do jardim. Todos os Pikmins do jardim tem que estar sobre o seu cuidado neste momento; os que ficarem para trás morrem. Esta foi a maneira encontrada pela Nintendo de criar um desafio maior para o jogo, afinal sem o tempo você, teoricamente, ficaria produzindo Pikmins ad infinitum, tornando o jogo fácil demais. Mas o tempo costuma ser bem curto e atrapalhar o exercício da exploração.

Não há tempo para muitos erros em Pikmin. O segredo está em otimizar o tempo, levando o número adequado de Pikmins para os objetivos e aproveitando para realizar tarefas no caminho, já pensando no que terá que fazer no dia seguinte. O dia dura mais ou menos 15 minutos, que é o tempo certo para você pegar uma peça difícil da nave, limpar a rota até a nave (se houver monstros no meio do caminho seus Pikmins estarão ocupados demais com a peça para se defender, e morrerão) e, se der, aproveitar para iniciar uma reprodução dos bichinhos.

Seria mais interessante e menos irritante se houvesse tempo para explorar o ambiente sem muita afobação, mas infelizmente o tempo é implacável neste jogo. E o pior é que os Pikmins não são exatamente as criaturas mais inteligentes do universo e podem errar o caminho e se perderem de você, tropeçar, serem comidos ou simplesmente darem uma paradinha no caminho para comer uma porcaria de néctar que eles adoram. Esse último irrita pacas!

Fora isso, Pikmin é só prazer. É impressionante como os jogos de Miyamoto são agradáveis. Talvez sejam as músicas, poucas (uma para cada jardim), repetitivas, mas muito bonitas, o carisma dos protagonistas (Olimar e os Pikmins são massa), as batalhas inteligentes com os chefes (você enfrenta insetos gigantes às vezes) ou o uso perfeito do controle, mas ninguém tem a receita certa de fazer jogos sempre excelentes como o velho Miya.

Mas para um puzzle ou jogo de estratégia, o prazer de Pikmin acaba meio cedo. São cerca de 8 horas de jogo apenas, e uma vez terminado, não há muito para fazer, além de um "Challenge Mode" que desafia você a criar zilhões de Pikmins num dia.

O belo jardim do Miya

Pikmin também tem um belo visual. Apesar de ser limitado a um jardim, é algo bem belo de ser olhar, nem tanto pela parte técnica, dos polígonos, da água, etc, mas pela composição do jardim e seus seres.

É interessante notar como tudo está vivo no jardim. Num dia você pode depredar uma flor, por exemplo, e, mais tarde verás que um novo caule está nascendo. No dia seguinte certamente haverá uma flor ali. Ou se você deixa viva uma joaninha pequena, no dia seguinte ela será adulta e vai te dar mais trabalho para matar. Os próprios Pikmins se desenvolvem se você deixa-los na terra por mais tempo; Uma flor vai desabrochar aos poucos na cabeçinha deles, e os mais desenvolvidos (são 3 níveis: folha, botão e flor) são mais rápidos, o que é também um elemento estratégico.

O Veredicto: Foi um prazer inenarrável conhecer Olimar e seus Pikmins. Esta ainda não é uma franquia popular como Mario, Zelda ou Pokémon, mas o dedo de Miyamoto está em toda parte e o jogo tem qualidade para fazer justiça à fama de seu lendário designer.

Outer Space
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