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Playstation 3
 
 

Entenda a guerra da Sony contra os hackers

09 de junho de 2011 14h52 atualizado às 15h09

Mesmo apos o retorno da PSN, alguns hackers ainda dizem que continuarão atacando os serviços da Sony.. Foto: Divulgação

Mesmo apos o retorno da PSN, alguns hackers ainda dizem que continuarão atacando os serviços da Sony.
Foto: Divulgação

Se você não conhece o caso, aqui vai um geral básico: a Sony vem alardeando, desde o lançamento do PlayStation 3, em 2006, a invulnerabilidade do sistema e a impossibilidade de usar a rede PlayStation Network com jogos piratas. Esse alardo só fez aumentar o desejo da comunidade hacker de procurar brechas e tentar quebrar o sistema, mais pelo prêmio do reconhecimento público que necessariamente pelo desejo de piratear jogos ¿ imagem frequentemente associada à comunidade, mas que nem sempre corresponde à verdade.

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No ano passado, o jovem hacker George Hotz, mais conhecido como GeoHot, divulgou na rede uma versão modificada do firmware 3.21 para o console PlayStation 3, que supostamente restauraria o suporte ao SO Linux. Imediatamente a Sony respondeu com o batalhão de advogados, processando GeoHot e outros hackers aparentemente envolvidos com a disseminação da quebra do sistema, recurso conhecido como jailbreak.

Nesse período, GeoHot chegou a fazer uma suspeita viagem, talvez para evitar complicações maiores com o processo, embora tenha divulgado que estava apenas curtindo férias, e criou até um debochado rap em resposta à ação movida pela Sony (veja o clip através deste atalho: Youtu.be/9iUvuaChDEg)

Em meados de abril, houve um acordo sigiloso entre as partes, mas a comunidade hacker já havia se unido em apoio a GeoHot e chegou a ameaçar publicamente a corporação japonesa, declarando 'guerra digital'. O caso mais comentado do período talvez tenha sido o comunicado do grupo Anonymous, que declarou: "O conhecimento é livre. Não perdoamos. Não esquecemos. Espere por nós!".

Desde então, o que se tem visto é uma longa sequência de ataques à rede PSN, que saiu do ar em 22 de abril, voltando aos poucos para seus pacientes usuários, e ao banco de dados dos assinantes de outros serviços da empresa.

De acordo com o site Bloomberg o ataque à Sony utilizou até mesmo o sistema da Amazon para efetuar o roubo de informações. Para piorar o estrago na imagem institucional da empresa, recentemente ficou comprovado que a Sony tinha conhecimento das falhas no sistema de segurança já há algum tempo, sem tomar as devidas providências para assegurar os dados de assinantes. Envergonhados, os executivos chegaram a vir a público para se desculpar pelas falhas na segurança na PSN, informa o site Business Insider.

E a situação da corporação não parece próxima de melhorar. A empresa tem sido acusada de ser contrária à inventividade de seus consumidores mais ousados e criativos, parece haver certa desconfiança entre os usuários, os hackers continuam odiando a Sony com frequentes promessas de continuar causando estragos e "graf_chokolo", um conhecido hacker dedicado a programar Linux para o hardware do PS3, já declarou online que a Sony só conseguirá detê-lo cometendo um crime contra a sua pessoa.

Apenas para se ter uma idéia da dimensão do estrago, inicialmente a rede PSN foi hackeada, depois, a Sony Online Entertainment e, em seguida, o site da Sony tailandesa. Então, veio o ataque à rede So-Net, que opera fora do Japão, à Sony Music da Indonésia, da Grécia, a loja virtual da Sony Ericsson e a Sony BMG do Japão.

Para Roger Tavares, doutor em games pela PUC de São Paulo e criador da comunidade GameCultura, o episódio revela um problema crítico de falta de percepção e comunicação adequada da empresa com esta comunidade. "Liberdade de software não está acima da ética, mas 'cavalaria jurídica' (contra os hackers) em nossa época é quase uma piada", sentencia. "Uma boa comunicação ainda é a melhor estratégia, e eu teria tentado uma conversa com representantes da comunidade hacker antes de qualquer demonstração de força bruta", finaliza.

Tavares acredita que as grandes empresas como a Sony deveriam saber tirar melhor proveito desta facilidade de contato com usuários e público, proporcionada pela rede digital. "Já passou da hora de se adequarem aos novos modelos de negócios que as tecnologias digitais demandam, e usarem essas tecnologias para entenderem e conversarem com as comunidades, e não apenas para colherem dados de feedback e fazerem propaganda", opina ele. "Dos jogadores à Sony, passando pelas produtoras de games, todos foram prejudicados", conclui.

Para Marcos Chien, advogado tributarista, atuante no direito aduaneiro e direito intelectual, e conselheiro jurídico da ACIGAMES, o caso é complexo, pois "como qualquer atividade empresarial, a Sony tem o direito de receber pelos seus serviços e a obrigação de oferecer bons serviços e manter o sigilo dos dados, (mas) se um hacker quiser modificar o sistema, única e exclusivamente para si, é um direito dele. Contudo, ao divulgar a modificação, mesmo que para ajudar a melhorar o sistema do PSN, ele viola um dos princípios mais importantes do direito de propriedade", afirma o tributarista. Para ele, se algo pode ser considerado positivo no caso é o fato de que a divulgação da fragilidade do sistema obriga a Sony a aprimorar seu firmware e o sistema de segurança.

O principal argumento a favor dos hackers pode ser o fato de que se você paga por algo, deveria fazer o que quisesse com ele. Na compra de um carro, de um computador ou de celular, você é livre para personalizar o produto, observa reportagem do site da PC World. Então porque não o PS3?

Não há resposta definida mas, ao que parece, a empresa arrumou um enorme problema neste embate com a comunidade hacker. Os seguidos ataques aos vários serviços e negócios da corporação já estão custando, segundo informações do site Silicon Valley, algo em torno de US$ 170 milhões, quase o prejuízo do terremoto recentemente ocorrido no Japão.

Enfim, após os ataques dos hackers, a PlayStation Network e a PS Store retornaram na semana passada e ainda não sofreram quedas causadas por hackers.

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