PUBLICIDADE

Brasileiro que criou o Kinect quer continuar "inventando o futuro"

19 out 2011 - 20h52
(atualizado às 23h06)
Compartilhar

O brasileiro Alex Kipman revolucionou não só o mundo dos videogames, mas o conceito da interação com a tecnologia com o Kinect, um sistema de reconhecimento de movimento com o qual tenta "inventar o futuro".

Depois da sensação causada pelo Kinect no mercado com apenas um ano de vida, a tarefa de Kipman, diretor de incubação da Xbox, o console da Microsoft, não é nada fácil. Primeiro, superar a si mesmo e depois criar algo que continue o caminho iniciado.

"Meu trabalho é inventar o futuro", disse em entrevista à Agência Efe no quartel-general da Microsoft em Seattle, na qual fez um balanço sobre o primeiro aniversário de um dispositivo cujo uso se estendeu a novas aplicações que afetam a "vida real", inclusive a medicina.

Apaixonado por seu trabalho, este engenheiro de 32 anos, que foi recrutado pela companhia fundada Bill Gates logo após terminar seus estudos de engenharia de software, declarou que agora é sua própria concorrência. "O que precisamos fazer tem que ser dez vezes melhor que o Kinect", disse.

Graças a seu sofisticado software, que consta de um sensor de profundidade, microfones e uma câmara de acompanhamento de movimento do corpo em espaço tridimensional, o Kinect é capaz de escanear o jogador para que atue de forma interativa com seu avatar na tela do televisor.

A visão por trás de Kinect, que definiu como "uma viagem que acaba de começar", é adaptar as tecnologias para "interagir com as máquinas de uma forma muito mais natural, como funciona no mundo real".

"As tecnologias estão cada vez mais presentes, temos mais dispositivos e aparelhos nas mãos, tornado nossa vida mais complicada. Nossa visão é ir contra isto", destacou, antes de explicar que em seu laboratório foi capaz de criar "pela primeira vez, experiências que nos entendem, e não que nós temos que entender".

O engenheiro lembrou que até pouco tempo estes conceitos para o público eram "ficção científica", mas seu objetivo é traduzir isto em fatos.

"Isto é algo histórico e não é só algo que mudou o mundo dos videogames e do entretenimento, mas causa mudanças fundamentais na vida cotidiana", comentou Kipman.

Seis meses após o lançamento do Kinect, a Microsoft liberou o kit de desenvolvimento do aparelho (SDK) para Windows, que já é empregado em outras atividades associadas à vida real, como tratamentos para as crianças com danos cerebrais e pacientes com esclerose múltipla.

Kipman se mostrou entusiasmado com as novas aplicações de sua invenção, mas não surpreendido por seu enorme potencial.

"Temos que entender que a linguagem da tecnologia tem uma nova cara. É algo com o que se pode interagir de uma forma muito mais interessante e natural. E isto é só o começo", acrescentou.

O próximo passo para o Kinect será uma nova versão, ainda não anunciada, aprimorada do dispositivo, enquanto o futuro no mundo dos videogames está por ser desvendado: "É algo que não vimos ainda".

"Não é preciso usar uma bola de cristal para afirmar que daqui a dez anos nada será o mesmo. Há dez anos quase não tínhamos internet e agora quase não podemos viver sem ela. A maioria das pessoas não tinha telefones celulares e agora não podem se imaginar sem estes aparelhos", lembrou.

Kipman está agora trabalhando em novos projetos - "nada que eu possa contar" - e continua em contato com a equipe do Kinect, mas avança em sua constante busca para reinventar o mundo dos videogames.

O brasileiro se declara viciado em trabalho e se diverte em seus laboratórios fazendo testes e criando hardwares, softwares e trocando ideias com seus colaboradores, cerca de 20 pessoas.

"Não levo trabalho pra casa, nunca. Se não estou no escritório não estou trabalhando, não olho e-mails, não checo o telefone, não existe nada relacionado com a Microsoft em meu tempo livre. Afinal passo 20 horas por dia, sete dias por semana, no trabalho", brincou.

Entre seus passatempos, além de jogar "muitos videogames", estão a música e o esoterismo e, principalmente, passar o tempo com sua filha Ana, que nasceu em novembro do ano passado, na mesma semana que lançou o Kinect.

"Quero passar a maior parte do tempo com ela, vendo como ela descobre o mundo através de seus olhos, algo fascinante", concluiu.

"Meu trabalho é inventar o futuro", diz Alex Kipman, criador do Kinect
"Meu trabalho é inventar o futuro", diz Alex Kipman, criador do Kinect
Foto: Joe Raedle / Getty Images
EFE   
Compartilhar
Publicidade